Café do Ponto. Abro o pote e acomodo um filtro Melitta no coador. Ainda nem me olho no espelho, a parada pro café fica entre minha cama e o banheiro, antes do xixi matinal. É essa a urgência.
O café me serve como um corrimão me levando da noite ao dia, entre a cama e a rua, o horizontal e o vertical. Vivo sozinha e não posso esperar um grito de café vindo da cozinha a me acordar. Meu café quem faz sou eu – e um pouco do resto de meu dia também.
Como boa moradora do império do consumismo, me rendo a ele tantas vezes, mas tantas vezes além do desejado. Já tive minha boa cota de máquinas de café italianas – grandes, pequenas, de inox, de alumínio – “são só 10 dólares”, “leve uma caneca na compra da segunda cafeteira”. Para enchê-las, já tive grãos de todas as cores e procedências. É um tal de moído fino, grosso, tostado por X horas a Y graus, da Colômbia, Etiópia ou França, com cafeína ou sem, ou até um leve toque de avelãs.
Não gosto de tantas opções – me sinto uma aleijada no corredor do supermercado, sem forças pra pegar o colombiano, enquanto o francês me olha, desolado. Não suporto a tensão da cafeteirinha, sem saber se a quantidade de pó foi suficiente, se o grão é fino demais e passará pro compartimento do café, se ficará queimado ou não. Pode bem ser pura idiotice, mas nunca fiz um café gostoso nessa maquininha como aquele melado tomado na roça, passado numa meia velha e acompanhado de uma rosca com manteiga, ao som do mugido das vacas.
Eu sei que não controlo muita coisa. E sigo tentando aprender a deixar acontecer, e substituir o destino pela probabilidade. Mas, nos primeiros momentos do dia, eu gosto é do simples e seguro, de ver tudo acontecer, passo a passo: o pó se encharcar, o cheiro subir, e o café gotejar. Exercito com gosto meu pequeno-grande poder e me embalo na segurança do meu café. Aqui em casa, todo dia de manhã, o esquema funciona assim: um coador, um filtro Melitta, e um Café do Ponto importado do Queens.
Sou super a favor de simplificar o que é possível. Por que sassaricar por aí se o bom e velho café do ponto é o que agrada?
ResponderExcluirE eu sou desse seu time! Meu café preferido é esse passado em casa, tipo de sítio de vó.
Beijo, linda!
Vou te dar uma sugestão, prove o teu café com uma especiaria chamada cardamomo.
ResponderExcluirEste vai produzir agradável efeito aromático no seu café.
Depois me conte!
Namastê
Bj
Pô sacanagem Ju...esses dias atrás eu ia tentei deixar um comentário mó bonito pra voce mas o negócio aqui nunca me deixava concluir...fica pra outra...ah comprei um negócinho pra voce!
ResponderExcluirAh e disse também que quando voce ficasse muuito na dúvida, voce devia comprar Chai...lembrei porque sua amiga ai em cima falou em cardamomo...beijos lindona e saudades!
You're the bravest!