sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um ano sem postar


O que é um ano, um dia, uma hora? É aquilo que dura ou é aquilo que passa? O que nos define é aquilo que fica ou é aquilo que vai? Talvez seria o que foi e - de repente - não é mais. Agora é outro caminho, outro calendário, outra bagagem. Um excesso que podou uma falta que não parece ser preenchida. Uma desadivinhação que eu não fiz. Café na mesa, derramado, frio e fraco. Grão duro de engolir. Corte fundo de sarar. Casa grande de encher. Preenchendo cada uma das entrelinhas em aberto, a noite enterra sufocantemente quem nela se abriga. E eu, de volta as minhas linhas, só quero achar onde foi que eu desci do trem, onde foi que minha moeda não deu nem cara nem coroa, onde foi que a tela se esvaziou-se de poesia e a queimadura perdeu a paixão e se encheu-se de dor.